Clinica Privada

Depois de andar a caçar e alimentar-me devidamente, fui até à clínica. Estava decidido a deixar aquela dieta horrenda de beber sangue animal. É como um humano viver só de pão. Mata a fome, mas não nos satisfaz inteiramente. Por isso eu estava decidido a encontrar um humano qualquer, que de nada soubesse, do qual me pudesse fazer um favorzinho: fornecer-me bolsas de sangue sempre que eu precisar. Entrei na clínica sem grandes problemas e, com a minha velocidade e silêncio, consegui chegar a um gabinete. O Gabinete de uma rapariga nova na cidade, que parecia que não sabia de absolutamente nada. Mas é claro, preciso de uma desculpa. Fiz um corte profundo no braço e depois bati à porta. Só me iria regenerar daqui a cerca de meia hora, por isso dava perfeitamente. Abri a porta, entrei e fechei-a. - Desculpe... Será que me pode ajudar? Parece que está tudo muito ocupado por aqui... - Disse, fazendo-me de vítima.

- Ah, pois, isso explica a falta de pessoal, não encontrei quase ninguém por aqui.- Disse, segundo então até à maca com ela. Sentei-me na mesma e ignorei a questão de como eu tinha feito aquilo, por uns instantes. - Stefan. - Respondi à última questão, observando-a enquanto tratava do meu ferimento. - Cortei-me nem sei bem como com uma faca... Mania de cortar as coisas da forma mais incorrecta que existe, depois dá nisto! - Disse, suspirando pesadamente. Oh, coitadinho de mim.

Fiz-me de desentendido. - Ah, é nova por aqui? - Como se eu já não soubesse disso! Fiz-lhe um pequeno sorriso quando se atreveu a fazer tal comentário sobre o meu corte. - É, parece que o meu ligar não é na cozinha... Sempre que tento fazer as coisas armo-me em chef, faço trinta mil e uma coisas de cada vez e depois acontecem desastres destes. Desastres tão desastrosos que eu não sei como o fiz - Disse, rindo baixinho. Fiz uma careta, fingindo que me estava a doer muito.

Fiquei a observá-la calado. Estava mesmo sem ideias e inspiração quando inventei a história da faca e da cozinha, credo. Abanei a cabeça face aos meus pensamentos e mordi o lábio. Olhei o penso que tapava a ferida por completo e sorri discretamente. Não tarda aquilo já não estaria ali. Depois levantei-me, ficando de frente para ela. - Muito obrigado. - Agradeci num tom gentil e amigável. Dei um passo em frente, ficando mais próximo de si e sorri. - Se calhar podíamos trocar números, encontrarmo-nos assim que tenhas um bocadinho... - Falei, olhando os seus olhos, compelindo-a.

Tal como eu pensava, ela não sabe de nada. É apenas mais uma humana "ignorante", que de nada sabe nem desconfia. Tal e qual aquilo que eu preciso! Sorri ao reparar que se sentia confusa enquanto ia buscar o seu aparelho. Puxei o meu do bolso e rapidamente trocámos de números. Depois olhei-a atentamente. - Está tudo bem? Ahm... Ainda não sei o seu nome. - Murmurei.

Olhei então para a placa que continha o seu nome e acabei por rir baixinho. - Realmente... Estou a ficar um bocado azelha - Comentei e encolhi os ombros. Escrevi o seu nome no contacto do telemóvel e depois olhei-a nos olhos novamente. - Pronto, assim quando estiver livre, mande-me uma mensagem e podemos ir tomar um café ou assim - Murmurei, fazendo o mesmo que à pouco. Depois Sorri e dei um passo atrás. - Mais uma vez, muito obrigado. - Disse, dirigindo-me depois à porta.

Encerrado.