Centro Comercial

Eu ri-me com o que ele disse e continuei a remexer no meu cabelo colorido, tentando assobiar.
- Também já tinha ouvido essa. - Garanti com um sorriso. - Então, isso significa que o meu desejo é ver-te a sair sexy de uma banheira?

Eu senti-me corar um pouco quando ele me colocou uma madeixa do cabelo atrás da orelha, a uma distância quase mínima.
- Bem, eu acho que não. - Respondi prontamente. - Às vezes, sonho que tenho bebés pássaros e isso não significa que eu os queira ter. Também já sonhei que alguém morria e isso não significa que deseje a morte dessa pessoa. - Defendi-me, virando a cara para tentar esconder um pouco que corara.

- Eu não tenho culpa. - Murmurei com um meio sorriso, ao som das suas gargalhadas. - Como é óbvio, Tyler. - Concordei com ele, rindo-me e depois a pergunta que ele fez a seguir surpreendeu-me verdadeiramente. De onde é que aquilo viera? - Hum?

- Eu já te disse que os meus irmãos nunca nos deixariam sair juntos. - Afirmei, desviando o olhar. Eu tentava fugir à resposta, não sabia muito bem porquê.

Eu encolhi devagar os ombros e corando, assenti com a cabeça.
- Okay. - Murmurei baixinho, sem querer dizer mais nada, completamente envergonhada.

- Prometes? - Perguntei, tentando brincar com a situação embora ainda me sentisse ligeiramente nervosa. - Sim, Tyler, mas já há algum tempo que não nos víamos. Além disso, tu sabes muito bem que não costumo sair para "ir jantar" assim. - Olhei de novo para as mãos, depois de fazer aspas com os dedos. Os meus irmãos ultimamente andavam a dar-me bastante na cabeça pelo facto de eu andar sempre a passear e, cabeça de vento como era - embora tivesse já 19 anos - eles continuavam a tratar-me como uma criança, capaz de se perder em qualquer lado. Às vezes isso irritava-me bastante, mas já me habituara.

- Não é preciso. - Sorri. - Ainda confio um bocadinho em ti. - Voltei a sorrir e sentei-me de pernas à chinês. - Obrigado, Tyler. - Agradeci, dando-lhe um beijo na bochecha.

Entrei no centro comercial. Não gostava muito daquilo mas era bom para encontrar miúdas que, ao saber que eu era vampiro, alinhavam nas minhas coisas, ou então miúdas que nem sabiam da minha existência. E eu adorava principalmente aquelas a quem provocava medo.

Reparei numa loira que via as montras e aproximei-me lentamente, como se nada fosse comigo.

- Olá. - cumprimentei-a com um sorriso irresistível.

- É, eu não te resisto. Estou totalmente apanhadinha. - Sorri, começando a abanar-me como se estivesse cheia de calor. - Nem sei o que seria de mim sem ti. - Fingi-me subitamente triste e à beira das lágrimas, limpando os meus olhos e fungando de forma dramática.

Ri-me e mexi no cabelo, olhando-a nos olhos. Não sabia o que eu tinha de especial, mas a verdade é que as raparigas tornavam-se presas fáceis.

- Gosto de raparigas assim. Parece que nunca vão passar a vida de loja em loja. Posso pagar-te um gelado ou algo assim? - sorri.