Hospital

Conduzi até ao hospital no meu carro e quando lá cheguei, estacionei-o no parque de estacionamento. Ao sair do carro, fiquei a encarar o edifício, ainda a ponderar sobre o que estava prestes a fazer. Não era algo muito fora do comum na minha pessoa, mas depois da noite passada, queria ter mais cuidado quanto às minhas atitudes impulsivas.
Engoli em seco e avancei pelo hospital dentro, tentando reconhecer alguém da equipa médica.

Depois de percorrer alguns corredores e algumas salas, parei a pensar.
O que raio estava eu a fazer? Não conseguia acreditar que ainda considerara isto razoável. Eu estava a perseguir uma pessoa, no sentido mais literal da palavra. Não fazia ideia do seu nome, mas viera propositadamente ao seu local de trabalho para a encontrar, desconfiado quanto à sua palavra. Quem era eu sequer para desconfiar dela?
Com um sorriso irónico - mas nada feliz comigo próprio -, preparava-me para voltar para casa e esquecer esta infeliz ideia, quando ouvi uma voz que reconheci imediatamente. Logo agora que ganhara consciência, encontrara-a. Quando me virei para a encarar, percebi que ela já me vira. Sem outras opções que não causassem desconfiança, acerquei-me dela.
- Bom dia... - Cumprimentei, olhando para a sua bata e lendo a pequena placa com o seu nome. Era Regina. Regina Bradshaw.

- Creio que não fomos devidamente apresentados ontem à noite. - Estendi uma mão, tentando ser o mais cortês e bem-educado que conseguia. - O meu nome é Jacque BelleRose. - Apresentei-me, com um sorriso aberto no final. Agora que provara a mim mesmo que talvez ela não fosse assim tão má, tinha de provar a ela que eu estava realmente disposto a cumprir as tréguas propostas na noite anterior. - Eu vinha falar sobre a minha irmã Evangeline.

- Não me importo de todo. - Respondi-lhe, seguindo-a pelo hospital, para o seu gabinete. Eu permaneci em pé quando entrámos. - É exatamente por isso que vim. Se me recordo corretamente, ela ontem estava bastante... Intensa. Pelo menos, mais que o normal. E lembro-me de lhe teres dito que se não se sentisse melhor para vir cá ter. - Continuei, cruzando os braços, uma vez que não sabia em que posição ficar.

- No bar? - Arregalei os olhos, com a informação que me acabara de ser dada. Tentei digeri-la e lembrei-me que ela chegara acompanhada tanto por Regina como por Tyler. Provavelmente teria sido ele que a levara até lá. Embora o conhecesse à imenso tempo e de confiar plenamente nele, não conseguia evitar sentir-me um pouco protetor em relação à minha irmã. - Ela bebeu não foi? - Inquiri, mais calmo do que aquilo que esperava.

Eu agradeci num murmúrio e sentei-me numa das cadeiras em frente à sua secretária.
- Não. - Respondi logo, sem precisar de pensar muito sobre aquela questão. - Ela ainda há pouco tempo não tinha permissão para sair de casa sem a companhia de um de nós. É excessivo, mas as minhas irmãs achavam necessário. - Era das poucas coisa que eu não conseguira controlar durante muito tempo. Agora já lhe arranjara alguma liberdade, no entanto após o que acontecera ontem, já não sabia se seria o melhor. - A Evangeline sempre foi muito protegida por todos nós por ter uma natureza tão ingénua e inocente. Ela, por vezes, não sabe ver a maldade nas pessoas. - E isso assustava-me profundamente. Não conseguiria aguentar saber que algo de mau lhe havia acontecido.

- Era exatamente isso que eu dizia às minhas irmãs. - Disse, surpreendido por ver que até nos conseguíamos compreender e partilhar das mesmas opiniões. - E é exatamente por essa mesma razão que concordámos em deixá-la sair e ter alguma liberdade. - Eu endireitei-me na cadeira e apoiei o meu pé sobre o meu joelho. Precisava de falar com Evangeline e fazê-la ver que, embora tivesse liberdade, existiam limites e, que um desses limites era trazer desconhecidos - ainda por cima lobisomens - a casa. - Mas fico mais aliviado por saber o que se passou e por saber que nada de grave aconteceu. - Suspirei.