Louis Armstrong Park

O vento batia-me na cara fazendo-me enrugá-la criando certas expressões estranhas no meu rosto. – Monkey! – Gritei com todo o ar que tinha nos meus pulmões ao observar que o meu amigo de quatro patas havia decidido prosseguir o rastro do parque sem a sua dona. Apertei o meu casaco e corri um pouco para junto dele onde me agachei e me apoderei do calor do seu corpo. Juntei o meu nariz ao seu sentindo aquela estranha humidade e ao ouvir o seu latir apenas sorri para ele. Olhei a volta, examinando a triste e solitária madrugada que o parque assistia comigo. Prendi o olhar ao chão e passei a mão no pelo do meu amigo.
O frio da madrugada refletia toda a solidão do meu passado, também era o único momento do dia que eu conseguia realmente sentir a nostalgia do meu passado e a dor que isso trazia consigo. Vagueava pelo parque até que dei conta de ter passado pela sua entrada umas duas vezes, da última vez que o fiz tomei a decisão de o abandonar indo de encontro de um café satisfazendo a vontade de tomar um bom café da manhã na companhia do Monkey, o único dilema seria descobrir um café que consentisse animais dentro do mesmo. Vasculhei na minha mala, tateando tudo o que encontrava na esperança de achar o meu telemóvel. Mal o encontrei tateei rapidamente o meu código e tentei encontrar um café que correspondesse as minhas duas únicas exigências do dia.
Encerrado.

Não acordei muito tarde, porque Mickey sabia sempre que o levava a rua de manhã e então nunca me deixava dormir passadas as dez horas. Vesti uma roupa simples e acabei por sair para a rua, para o passear.

Tinha decido ir dar um passeio matina. Peguei no skate, num dos meus snapbacks e sai para a rua. Acabei no parque, onde ia muitas vezes desde pequeno.

Acabei por me sentar num dos bancos do jardim e deixar Mickey um pouco à solta, visto que ele adorava e não saia de perto de mim.

Eu estava em cima do skate, um pouco distraído na verdade. Nem dei conta que vinha um cão na minha direçao. Para não o atropelar, tive que me desviar a ultima da hora o que resultou numa queda.

Assustei-me com o barulho de um skate, pensei que tinham atropelado o Mickey... Só vi um rapaz no chão, o que me fez levantar. - Estás bem? - perguntei antes de chegar ao pé dele e só depois é que vi quem era. - Ah... és tu. - acabei por dizer.

Levantei-me, fazendo uma careta de dor. Ja estava acostumado as queda. - estou bem - disse - o mesmo não posso dizer da minha tábua - tinha o skate rachado, ja não lhe poderia dar muito uso.

Olhei para o skate do rapaz. - Tecnicamente a culpa foi minha.. - acabei por dizer. Se não tivesse soltado o Mickey, ela não estava assim. - Compra uma nova e deixa a factura na minha caixa do correio. - acabei por dizer.

- Uma trela nao fazia mal nenhum... - comentei ironicamente - não e preciso, e só um skate e eu tenho mais destes em casa - informei. Olhei para o seu cão. Baixei-me para lhe poder fazer festinhas.

Encolhi os ombros. - Um bocadinho de liberdade não mata ninguém. - acabei por dizer e observei-o a mexer em Mickey.

- Por aqui há muitos skaters, é perigoso - tinha dito aquilo nesse sentido - como é que ele se chama? - perguntei com um meio sorriso.

Deixei-me olhar para o cão e apenas passei o olhar pelo rapaz, já nem me lembrava do nome dele, por meros segundos. - Mickey.

O cão dela ate parecia gostar de mim. Fiz-lhe mais umas quantas festinhas e depois levantei-me - Belo nome.

O mickey gostava dele, o que era estranho, porque nunca deixava ninguém lhe mexer. Sorri ligeiramente ao seu comentário.

Agarrei no meu skate agora inútil, ia ter de o meter no lixo.
- Bom, foi bom ver-te - disse num tom meio irónico.

Soltei uma gargalhada percebendo o tom irónico do rapaz. - E seres um bocadinho menos irónico? - perguntei diretamente, coisa que era em certos assuntos.

O facto de ela ser tão directa divertiu-me. Acabei por me rir.
- Quando houver razão para deixar de o ser, talvez.

Encolhi os ombros sem saber muito bem o que lhe responder. - E há razão para o seres? - perguntei curiosa, apesar de saber a resposta à sua pergunta.

- Ah, se não há... existem imensas... - respondi com um meio sorriso. Eu era bastante irónico, fazia parte da minha personalidade.

Voltei a encolher os ombros e nem lhe respondi. Chamei Mickey o que o fez saltar rapidamente para o meu colo.

- Ele está bem treinado - comentei divertido, desta vez sem ironia nenhuma no meu tom de voz.

Sorri ligeiramente olhando para o rapaz por segundos. ASH! Era Ash que o rapaz se chamava, tinha quase a certeza. Voltei a olhar para Mickey e coloquei-lhe a trela.

- Respondes-me a uma pergunta?- antes que ela me respondesse, disse - se hipoteticamente eu te convidasse para sairmos, o que é que dizias?

Nem me deu tempo para responder, se sim ou se não, acabou logo por uma fazer uma tal pergunta. - Provavelmente, respondia-te que não. - murmurei enquanto colocava ainda a trela.